Anilhagem na Cruzinha

A anilhagem consiste na identificação individual de aves, através da colocação de uma anilha na sua pata.

Esta anilha que será o “bilhete de identidade” da ave, contém várias informações como: o nome da entidade coordenadora da anilhagem em Portugal, a sua localização e uma sequência de letra e números. São efetuadas algumas medições biométricas (medida da asa, pena, bico e peso) e registado o tipo e progresso da muda, sexo, idade, quantidade de gordura armazenada e desenvolvimento do músculo da ave capturada.

Durante todo este processo, o anilhador assegura que a ave está em segurança e no final é libertada podendo continuar a sua vida normalmente. Este estudo, permite-nos estudar as rotas de migração e distribuição geográfica, longevidade, mortalidade, flutuação das populações, morfologia e comportamento das aves.

A ROCHA iniciou o programa de anilhagem em 1987 e pelas mãos de mais de 300 anilhadores, vindos de todo o mundo, já foram anilhadas mais de 80.000 aves.

Contagem de limícolas

O estuário da Ria de Alvor é um importante local de paragem para um grande número de limícolas e também um local de nidificação para algumas delas. A monitorização destas aves dá-nos informações sobre a variação sazonal e a qualidade do próprio ecossistema.

A cada 15 dias uma equipa realiza uma contagem de limícolas durante a maré cheia de acordo com um transecto pré-definido; utiliza-se um telescópio para observar e registar o número de indivíduos e espécies presentes. Os valores são registados numa base de dados para posterior análise.

Este estudo ajuda a compreender a forma como estas aves utilizam os sapais, particularmente durante a migração e no inverno. Qualquer alteração no comportamento das espécies é registada durante o estudo, bem como as mudanças no número de indivíduos e biodiversidade em cada um dos sapais.

Livro de registos de aves da Ria de Alvor

Todas as semanas realizamos a monitorização das aves presentes na Ria de Alvor, ao longo de um transecto previamente definido.

As aves observadas ou os seus cantos são registados numa base de dados para análise. A observação de qualquer mudança na sua fenologia, distribuição, número de indivíduos ou de espécies também se regista e permite elaborar um relatório anual com todas essas informações.

As espécies menos comuns na área ou quando os seus números são muito elevados ou ainda quando são encontradas espécies raras para Portugal, são comunicadas  às entidades competentes.

Este programa de monitorização que levamos a cabo, faz da Ria de Alvor um dos poucos locais em Portugal onde há mais tempo se faz este; obtemos assim informações muito úteis sobre alterações no uso da paisagem ou até mesmo alterações no clima.

Lepidópteros na Ria de Alvor

Desde 1991 que fazemos a monitorização de borboletas diurnas e noturnas tendo registado 22 espécies de borboletas diurnas e por volta de 600 espécies de borboletas noturnas, no Barlavento Algarvio.

No passado realizaram-se transectos diurnos ao longo de trajetos pré-definidos, mas atualmente esses locais, em propriedade privada, estão inacessíveis.

O programa de monitorização atual consiste na colocação regular de armadilhas para borboletas noturnas em locais selecionados; é feita semanalmente no Centro de Estudos – Cruzinha e mensalmente em habitats da Ria de Alvor (sapais, dunas e campos agrícolas).

Pela posição que ocupam na cadeia alimentar e pela sua importância enquanto polinizadores o estudo dos insetos, neste caso de borboletas, é fundamental para o conhecimento e a gestão dos habitats da Ria de Alvor.

Estudo da população de Mocho-galego na Ria de Alvor

Apesar do Mocho-galego Athene noctua ser uma espécie com larga distribuição na Europa, Ásia e Norte de África, assiste-se a um declínio das suas populações em muitos países. As causas para este declínio estão principalmente associadas às alterações no seu habitat provocadas pelas mudanças no uso do solo.

Esta é mais uma das espécies que monitorizamos e, num estudo de 2003, a população estimada na Ria de Alvor encontrava-se muito acima da média europeia. No ano de 2005 foi realizada um estudo detalhado sobre a população de Mocho-galego na Ria de Alvor, estudo que foi repetido em 2014. A metodologia baseou-se na estimativa da população através da definição de territórios ocupados pelos machos desta espécie, com base na observação e escuta das suas vocalizações.

As conclusões do estudo de 2005 revelam que a elevada densidade da população da Ria de Alvor está relacionada com a existência de estruturas lineares como postes, sebes e muros, árvores alinhadas e presença de edifícios em ruínas num contexto de agrícola extensiva, que possibilitam uma boa provisão de alimentos e uma maior taxa reprodutora.

Estudo da qualidade da água na Ria de Alvor

A ROCHA é responsável por um estudo de monitorização da qualidade da água na Ria de Alvor que se fez no ano de 2003 e se voltou a repetir em 2012. Nesse estudo foram analisados parâmetros físicos, químicos e biológicos em 13 locais da rede hidrográfica da Ria de Alvor.

A principal conclusão é que, de acordo com as normas definidas pela Diretiva Quadro da Água,  a qualidade da água no estuário da Ria de Alvor pode classificar-se como “Boa”. Estas conclusões são muito importantes dada a influência que o estuário tem na economia e recreação das populações locais, que fazem deste um local apetecível no quadro do desenvolvimento turístico regional. A  monitorização é realizada de forma periódica para detetar as possíveis ameaças e garantir a manutenção da qualidade da água para que todos possam continuar a desfrutar deste estuário.